quinta-feira, 30 de junho de 2016

A torneira secou!




Ah!!! Como é bonita a água!!!

Uma coisa tão fascinante! Insípida, inodora e incolor! Pelo menos foi assim que me ensinaram quando eu ainda estava na escola. E muitas vezes eu queria discutir com o professor porque eu já tinha visto água com sabor, cheiro e cor!!! Ninguém nunca me convenceu disso até hoje. E agora já estou velha demais pra conceitos.

Em São Paulo passamos por uma crise de água que foi ferrenha. Foi um tempo difícil mas também enriquecedor. 

Aprendemos que gastamos muito além do que realmente precisamos, desperdiçamos além da conta e estávamos pagando o pato por isso. Tudo bem que o Governo também tinha sua parcela de culpa por má gestão e desperdício mas foi bom ver que podemos viver com menos água do que realmente vivíamos e observar que muitos vivem historicamente com uma quantidade ínfima de água, as vezes sem acesso a nenhum tipo de água potável.

Chegamos aqui em Niterói e ninguém fala nada sobre a falta de água, não existe campanha contra o desperdício e o incentivo ao uso consciente, nas escolas não comentam sobre o assunto e advinha??? Esquecemos rapidamente e logo nos vemos praticando os mesmos maus hábitos já que não tem ninguém toda hora lembrando. Como somos engraçados... se já havíamos sido educados, por que fazemos tudo novamente? Enfim... essa é uma outra discussão.

O fato é que viver sem água é bem difícil, quase impossível.

Estava em casa ontem, quarta-feira, naqueles afazeres domésticos de todo dia, totalmente envolvida e disposta (o último adjetivo beeeem exagerado) quando chego na cozinha pronta pra fazer o almoço, abro a torneira e... nenhuma gota d´água. N E N H U M A!

Ok! Deve ser passageiro... alguém está mexendo em alguma coisa e logo vai voltar.

Passados trinta minutos e nenhum sinal que viria alguma coisa das torneiras.

Já era hora de sair e pegar as crianças na escola. E o que eu encontro quando entro no elevador??? Um recado da administração sempre começando com: "Senhores moradores". Gelei! Juro que aquele bilhete brotou naquele elevador depois das 8 da manhã porque antes das 7 ele não estava lá.

O recado era simples mas trágico! Ficaremos toda esta semana, e a próxima também, sem água das 8 às 17 horas. E em letras garrafais e negrito dizia que não poderia ser usado o sistema de esgoto em hipótese alguma com risco para os funcionários que estavam trabalhando. 

Quando chego no térreo vejo uma dezena de moradores com muitos baldes nas mãos, ao redor da desesperada síndica que falava em alto e bom som "não podem encher os baldes para descarga". Foi a única coisa que consegui captar do burburinho que acontecia.

Peguei as crianças na escola, voltamos pra casa, me virei com a água que tinha no filtro e na geladeira e passamos a tarde relativamente em paz porque ninguém resolveu fazer o número 2.

A louça do almoço foi lavada depois das 17, todos tomaram banho e findou o primeiro dia.

Hoje, muito esperta como sou, já estava com o almoço no fogão às 6:30hs e antes que fechassem as torneiras a casa já estava limpa e o almoço praticamente pronto. Perdi a academia mas garanti o sustento da família.

Mas algo me intrigava... como conviver com o "aroma" das necessidades fisiológicas "pesadas" do meu filho??? Sei que ele vai me matar quando ler isso mas não dá pra viver no mesmo espaço físico (mesmo separado por uma louça, uma tampa e uma porta) com aquele produto fermentando lá uma tarde toda.

Corri na administração!

A síndica me contou que os funcionários foram lavados por dejetos durante o trabalho no dia de ontem porque eles estão com os canos do esgoto abertos e algum morador jogou água na privada!!!!

Depois de quase vomitar pensando na merdX toda, solução encontrada! O banheiro da churrasqueira. Só pegar a chave na administração.

Quando a Ana veio da escola, já no caminho pra casa, foi anunciando que precisaria ir ao banheiro. Nem subiu pro apto antes de fazer uma visita ao banheiro da churrasqueira. Beleza! Tudo certo! Ufa!

As horas passaram e quem resolveu ir ao banheiro? Meu grande filho!!! Tudo certo filhão, vamos à churrasqueira.

Desci com aquela pequena criança indefesa, cheguei na administração e... a porta está fechada! fecharam pra almoçar!!! Ferrou!!!

Olhei pra cara do Leo, que olhou pra mim e disse "mãe, preciso ir ao banheiro!".

E eu, como mãe dedicada que sou, respondi: "filho, esquece isso que a vontade passa!".

Passou! Ah, passou mesmo!!!

domingo, 5 de junho de 2016

Recordar é viver


Esta é mais uma da série "como é bom morar em Niterói!".

Acho que hoje vou me perder na escrita porque são tantas coisas passando pela minha mente, tantas memórias, tantas recordações que não acredito conseguir estruturá-las da maneira como deveria. Por outro lado, compartilhar da emoção na hora em que ela acontece também tem suas vantagens.

Portanto, perdoem-me caso fique um pouco confuso, solto ou desconexo. Vou me esforçar, rsrs

Morar por aqui tem inúmeras vantagens e uma das mais importantes é estar perto dos meus pais e meus irmãos. E hoje fui almoçar na casa do meu irmão - preciso dizer que o almoço estava maravilhoso, comi muito e ainda rolou um pudim de leite depois. Quase na hora de ir embora minha cunhada pediu pra eu levar umas fotos e recordações antigas da minha mãe que estavam lá pra eu guardar em casa. 

Engraçado, que na noite de ontem, havia comentado com minha irmã que iria pedir ao meu irmão pra ver essas fotos mas quando estava lá esqueci completamente. Ainda bem que minha cunhada falou.

Agora a noite sentei no sofá com as crianças pra olhar toda essa relíquia: álbum de casamento dos meus pais, diário da minha mãe quando era solteira, fotos minhas de infância daquelas clássicas de escola, foto sem dente, foto vestida igual par de vaso com a minha irmã...

Tudo bem que fotos antigas podem ser deprimentes também.

Têm fotos impublicáveis! Roupas horrorosas! Cabelo sem pentear! E dá uma tristeza saber que você já foi muito mais cafona do que é atualmente - claro que ainda sou cafona porque tenho certeza que daqui a uns 20 anos, quando olhar as fotos de hoje, vou me achar um horror!

Muito legal ler os bilhetinhos que escrevíamos para os meus pais e descobrir que tenho um filho que faz a mesma coisa.

A minha irmã mais velha era a rainha dos "bilhetes cara-de-pau".

Tinha uma cartinha em que ela contava pro meu pai que tinha ido muito mal na prova, tinha tirado E (naquela época equivalia a nota 0 ou 1). Mas ao mesmo tempo que ela contava a meleca em que ela tinha se enfiado, ela já pedia desculpas e já dizia que sabia onde havia errado mas não sem dizer imediatamente um "não sei como estudar" ou "estou com muita dificuldade no método de ensino" e "preciso de ajuda".

Ela realmente era muito esperta! Porque já contava o erro, já pedia desculpa e já jogava a culpa - ou a responsabilidade - sobre os meus pais que precisavam ajudá-la! Tudo se resumia a "falta de ajuda".

Tinham bilhetinhos de amor para os meus pais, cartões de aniversário que fazíamos a mão, recortes, desenhos. 

E é claro, que como mãe, que sempre arruma uma culpa, já pensou "onde estão as cartinhas que meus filhos escrevem pra mim????????". Acho que devo ter muito poucas porque não guardo nada de papel. Vou começar a guardar a partir de agora.

Mas o melhor de tudo foi achar três cartas que escrevi para minha mãe em 1996 e 1997 e acho que é a partir de agora que vou escrever um texto gigante (tenham paciência comigo) porque vou precisar descrever um pouco da minha história. 

Além de só agora conseguir entender porque é que eu já tenho cabelos brancos. Eu escrevi cartas! Ia ao correio! Comprava selos! Meus filhos nem fazem ideia do que é isso.


Eu morava com meus pais e irmãos em São Paulo até que meu pai resolveu vir para o Rio de Janeiro com toda a família e como eu já estudava, trabalhava e (o mais importante pra mim) já namorava o Alberto, meu pai sugeriu que eu ficasse morando em São Paulo dividindo uma casa com duas amigas. 

E assim aconteceu. Em agosto de 1996 eu fiquei sozinha em São Paulo e meus pais vieram para o Rio de Janeiro.

A primeira carta é de Novembro de 1996 e nela eu vou descrevendo quais eram os nossos planos de vida. Falava do trabalho do Alberto, do meu trabalho, contava que mudaria de departamento no meu trabalho (minha primeira promoção na vida!) e que nós estávamos pensando em comprar um terreno e construir porque não teríamos condições de financiar um imóvel.

E pasmem! Nosso plano era comprar um telefone da linha de expansão da Telesp (ah gente, não dá pra explicar o que é isso, é  muito arcaico), depois de 1 ano seria feita a instalação, venderíamos o telefone e usaríamos esse dinheiro pra comprar um terreno. Ainda dizia que, se tudo desse certo, casaríamos até o final de 1998 mas só se Deus nos ajudasse porque nas condições que vivíamos isso não aconteceria.

Também peço pra minha mãe me escrever uma carta com o número do BIP do meu pai. Quem é do tempo do BIP? Ou então, alguém sabe o que é BIP??? 

Momento melancolia e velhice outra vez. Gente, sou tão velha assim? Que medo!!! 

Claro que não sou velha, é que o desenvolvimento tecnológico nos últimos 20 anos foi algo nunca visto antes (preciso me apegar a isso).

Esta carta foi escrita em novembro e em dezembro do mesmo ano marcamos o nosso casamento para maio do ano seguinte. O que mudou em 1 mês??? 

Não, eu não estava grávida. 

Sei que em dezembro o Alberto me chamou pra conversar e sugeriu que ao invés de eu pagar aluguel dividindo a casa com amigas, por que não pagar aluguel morando com ele????

E pra quem não tinha condições de casar no final de 1998, daria um jeito de casar em maio de 1997. Ah! E com o detalhe que casaríamos em Niterói.

A segunda carta foi escrita em Fevereiro de 1997 e nela eu começo a descrever todos os preparativos para o casamento. Vou relatando que ganhamos o jogo de sala, o liquidificador, a batedeira e que ainda precisávamos comprar colchão, geladeira, televisão e que não tínhamos ideia de como conseguiríamos isso. Também falo que vi o vestido de casamento que eu queria mas que não tinha condições de pagar e que conversaria com a pessoa pra ver o que seria possível fazer.

E o mais interessante de tudo isso é que não estávamos preocupados com nada disso. Tínhamos a convicção e a certeza que tudo aconteceria como tivesse que acontecer. Em todo o momento eu falo na carta que Deus nos abençoaria e nos ajudaria.

A terceira e última carta foi escrita em Março de 1997 e eu já relato que alugamos um apartamento muito bom e que a documentação tinha sido aceita. 

E falo, feliz da vida, que a moça havia me vendido o vestido com 25% de desconto e parcelado em 5 vezes. Sabe como eu pagaria o vestido? Vendendo meu Vale-Alimentação!!!! 

Pedia pra minha mãe resolver algumas coisas no cartório pra mim. 

Falo do vestido que eu gostaria que ela usasse e termino, como em todas as outras cartas, dizendo que Deus nos ajudaria em todas as coisas.

Quando terminei de ler todas essas cartas me lembrei que realmente Deus sempre cuidou de todas as coisas. Passamos por momentos tão difíceis na nossa vida mas nunca, nunca, nunca reclamamos, murmuramos ou nos desesperamos porque tínhamos a certeza: Deus cuida de nós.

E sempre fomos felizes mesmo quando tínhamos pouco o suficiente pra pagar o aluguel e a faculdade dos dois. Éramos felizes quando andávamos a pé. Éramos felizes quando vendemos o carro (que ainda estávamos pagando) pro Alberto poder fazer o curso de inglês dele. Éramos felizes quando tivemos que vender um baixo lindo (não sei se já falei que o Alberto também é músico nas horas vagas e toca baixo) pra conseguirmos pagar umas contas quando eu fiquei desempregada. Éramos felizes quando ele foi demitido em agosto do ano passado. E continuamos felizes agora, mesmo quando passamos por aflições e angústias.

E a nossa felicidade independe do que temos, nossa felicidade depende da certeza que temos: Deus cuida de nós.

Deus cuida tanto de nós que preparou este momento para relermos essas cartas. Não poderia haver melhor momento.

E então me lembrei de um texto de Salmos que diz:

Eu amo o Senhor, porque ele me ouviu quando lhe fiz a minha súplica.
Ele inclinou os seus ouvidos para mim; eu o invocarei toda a minha vida.
As cordas da morte me envolveram, as angústias do Sheol vieram sobre mim; aflição e tristeza me dominaram.
Então clamei pelo nome do Senhor: "Livra-me, Senhor! "
O Senhor é misericordioso e justo; o nosso Deus é compassivo.
O Senhor protege os simples; quando eu já estava sem forças, ele me salvou.
Retorne ao seu descanso, ó minha alma, porque o Senhor tem sido bom para você!
Pois tu me livraste da morte, os meus olhos, das lágrimas e os meus pés, de tropeçar,
para que eu pudesse andar diante do Senhor na terra dos viventes.
Eu cri, ainda que tenha dito: "Estou muito aflito".
Em pânico eu disse: "Ninguém merece confiança".
Como posso retribuir ao Senhor toda a sua bondade para comigo?
Salmos 116:1-12

E o mesmo texto, logo na sequência, responde quais serão os meus atos: 

Erguerei o cálice da salvação e invocarei o nome do Senhor. Cumprirei para com o Senhor os meus votos, na presença de todo o seu povo
Salmos 116:13,14

E termino o dia radiante, alegre, feliz, renovada!!!!!

Continuo me sentindo velha, arcaica e do século passado - realmente sou do século passado - mas muito feliz por ter vivido estas experiências.

sexta-feira, 3 de junho de 2016

Vocês conhecem o Bruno?

Já diria um amigo meu que não importa ser alguém muito importante desde que você conheça alguém muito importante.

Estávamos perto do meu aniversário e queríamos ir a alguma praia bonita, diferente, reservada e que pudéssemos aproveitar o dia.

E é aí que entra o Bruno nas nossas vidas.

Vocês conhecem o Bruno?

O Bruno nos garantiu o direito de entrar numa praia fechada, em área militar. 

Quando chegamos na portaria do Forte pediram nossos documentos, ligaram para o Bruno e o Bruno autorizou nossa entrada. E olha que éramos 9 adultos e 5 crianças!!! Esse Bruno é "o cara"!

Olha a vista de dentro do Forte no caminho até a praia!!!


E olha a praia que encontramos quando chegamos:





Isso sim é praia!!! E tão longe de casa... apenas 20 minutos.

Praia limpa, águas transparentes, sossego, árvores, sombra e o banquinho da minha mãe - minha mãe se apossou de um banquinho desses de praça, esse banquinho ia se deslocando junto com a sombra e as nádegas da senhora minha mãe.

E o Bruno ainda nos autorizou a entrar lá uma outra vez em que estávamos com muita vontade de ir a praia mas nesse esquema "mordomia". Nesta vez meu irmão foi com a gente.

Vocês conhecem o Bruno?

Nem nós! Nenhum de nós que fomos à praia!

Eu conheço minha irmã, que conhece uma pessoa, que é da família de uma outra pessoa, que conhece o Bruno que fornece algum produto no Forte. E a pessoa que conhece o Bruno nem estava na praia com a gente.

Precisamos conhecer esse Bruno pra ir direto a fonte da próxima vez e agradecê-lo pessoalmente por dias incríveis que ele nos proporcionou.

Viu só como o importante nessa vida é ter amigos?


quinta-feira, 2 de junho de 2016

O Silêncio


Sabe aquele dia que você não tem nada pra dizer?

Na verdade tem muita coisa pra dizer mas não quer dizer nada?

Hoje é um dia desses... que é melhor não falar nada. 

Lembrei até da música do Ultraje a Rigor (Nada a Declarar), só os mais antigos lembrarão (falou A Velha!!!!) mas como tem um palavrão no final da primeira estrofe achei que não seria bacana reproduzir aqui.

Ah! também tem outra diferença em relação a música: eu tenho um monte de coisas por fazer.

Sei que os curiosos já vão lá saber qual é a música !!! Depois a música ficará grudada igual chiclete, exatamente como está agora em mim.

Mas está aí uma outra vantagem de morar em Niterói - preciso fazer um link do meu momento sem palavras ao fato de escrever aqui - logo cedo troquei a academia por correr no calçadão da praia. Não gosto muito de correr, gosto mais da musculação mesmo, mais precisava do ar puro.


Não iria dizer nada, falei um monte de coisa e não disse absolutamente nada.

Como já dizia minha mãe: se não tem o que falar fique de boca fechada.

Boa noite.

Ah! E me falem se lembraram da música.