Esta é mais uma da série "como é bom morar em Niterói!".
Acho que hoje vou me perder na escrita porque são tantas coisas passando pela minha mente, tantas memórias, tantas recordações que não acredito conseguir estruturá-las da maneira como deveria. Por outro lado, compartilhar da emoção na hora em que ela acontece também tem suas vantagens.
Portanto, perdoem-me caso fique um pouco confuso, solto ou desconexo. Vou me esforçar, rsrs
Morar por aqui tem inúmeras vantagens e uma das mais importantes é estar perto dos meus pais e meus irmãos. E hoje fui almoçar na casa do meu irmão - preciso dizer que o almoço estava maravilhoso, comi muito e ainda rolou um pudim de leite depois. Quase na hora de ir embora minha cunhada pediu pra eu levar umas fotos e recordações antigas da minha mãe que estavam lá pra eu guardar em casa.
Engraçado, que na noite de ontem, havia comentado com minha irmã que iria pedir ao meu irmão pra ver essas fotos mas quando estava lá esqueci completamente. Ainda bem que minha cunhada falou.
Agora a noite sentei no sofá com as crianças pra olhar toda essa relíquia: álbum de casamento dos meus pais, diário da minha mãe quando era solteira, fotos minhas de infância daquelas clássicas de escola, foto sem dente, foto vestida igual par de vaso com a minha irmã...
Tudo bem que fotos antigas podem ser deprimentes também.
Têm fotos impublicáveis! Roupas horrorosas! Cabelo sem pentear! E dá uma tristeza saber que você já foi muito mais cafona do que é atualmente - claro que ainda sou cafona porque tenho certeza que daqui a uns 20 anos, quando olhar as fotos de hoje, vou me achar um horror!
Muito legal ler os bilhetinhos que escrevíamos para os meus pais e descobrir que tenho um filho que faz a mesma coisa.
A minha irmã mais velha era a rainha dos "bilhetes cara-de-pau".
Tinha uma cartinha em que ela contava pro meu pai que tinha ido muito mal na prova, tinha tirado E (naquela época equivalia a nota 0 ou 1). Mas ao mesmo tempo que ela contava a meleca em que ela tinha se enfiado, ela já pedia desculpas e já dizia que sabia onde havia errado mas não sem dizer imediatamente um "não sei como estudar" ou "estou com muita dificuldade no método de ensino" e "preciso de ajuda".
Ela realmente era muito esperta! Porque já contava o erro, já pedia desculpa e já jogava a culpa - ou a responsabilidade - sobre os meus pais que precisavam ajudá-la! Tudo se resumia a "falta de ajuda".
Tinham bilhetinhos de amor para os meus pais, cartões de aniversário que fazíamos a mão, recortes, desenhos.
E é claro, que como mãe, que sempre arruma uma culpa, já pensou "onde estão as cartinhas que meus filhos escrevem pra mim????????". Acho que devo ter muito poucas porque não guardo nada de papel. Vou começar a guardar a partir de agora.
Mas o melhor de tudo foi achar três cartas que escrevi para minha mãe em 1996 e 1997 e acho que é a partir de agora que vou escrever um texto gigante (tenham paciência comigo) porque vou precisar descrever um pouco da minha história.
Além de só agora conseguir entender porque é que eu já tenho cabelos brancos. Eu escrevi cartas! Ia ao correio! Comprava selos! Meus filhos nem fazem ideia do que é isso.
Eu morava com meus pais e irmãos em São Paulo até que meu pai resolveu vir para o Rio de Janeiro com toda a família e como eu já estudava, trabalhava e (o mais importante pra mim) já namorava o Alberto, meu pai sugeriu que eu ficasse morando em São Paulo dividindo uma casa com duas amigas.
E assim aconteceu. Em agosto de 1996 eu fiquei sozinha em São Paulo e meus pais vieram para o Rio de Janeiro.
A primeira carta é de Novembro de 1996 e nela eu vou descrevendo quais eram os nossos planos de vida. Falava do trabalho do Alberto, do meu trabalho, contava que mudaria de departamento no meu trabalho (minha primeira promoção na vida!) e que nós estávamos pensando em comprar um terreno e construir porque não teríamos condições de financiar um imóvel.
E pasmem! Nosso plano era comprar um telefone da linha de expansão da Telesp (ah gente, não dá pra explicar o que é isso, é muito arcaico), depois de 1 ano seria feita a instalação, venderíamos o telefone e usaríamos esse dinheiro pra comprar um terreno. Ainda dizia que, se tudo desse certo, casaríamos até o final de 1998 mas só se Deus nos ajudasse porque nas condições que vivíamos isso não aconteceria.
Também peço pra minha mãe me escrever uma carta com o número do BIP do meu pai. Quem é do tempo do BIP? Ou então, alguém sabe o que é BIP???
Momento melancolia e velhice outra vez. Gente, sou tão velha assim? Que medo!!!
Claro que não sou velha, é que o desenvolvimento tecnológico nos últimos 20 anos foi algo nunca visto antes (preciso me apegar a isso).
Esta carta foi escrita em novembro e em dezembro do mesmo ano marcamos o nosso casamento para maio do ano seguinte. O que mudou em 1 mês???
Não, eu não estava grávida.
Sei que em dezembro o Alberto me chamou pra conversar e sugeriu que ao invés de eu pagar aluguel dividindo a casa com amigas, por que não pagar aluguel morando com ele????
E pra quem não tinha condições de casar no final de 1998, daria um jeito de casar em maio de 1997. Ah! E com o detalhe que casaríamos em Niterói.
A segunda carta foi escrita em Fevereiro de 1997 e nela eu começo a descrever todos os preparativos para o casamento. Vou relatando que ganhamos o jogo de sala, o liquidificador, a batedeira e que ainda precisávamos comprar colchão, geladeira, televisão e que não tínhamos ideia de como conseguiríamos isso. Também falo que vi o vestido de casamento que eu queria mas que não tinha condições de pagar e que conversaria com a pessoa pra ver o que seria possível fazer.
E o mais interessante de tudo isso é que não estávamos preocupados com nada disso. Tínhamos a convicção e a certeza que tudo aconteceria como tivesse que acontecer. Em todo o momento eu falo na carta que Deus nos abençoaria e nos ajudaria.
A terceira e última carta foi escrita em Março de 1997 e eu já relato que alugamos um apartamento muito bom e que a documentação tinha sido aceita.
E falo, feliz da vida, que a moça havia me vendido o vestido com 25% de desconto e parcelado em 5 vezes. Sabe como eu pagaria o vestido? Vendendo meu Vale-Alimentação!!!!
Pedia pra minha mãe resolver algumas coisas no cartório pra mim.
Falo do vestido que eu gostaria que ela usasse e termino, como em todas as outras cartas, dizendo que Deus nos ajudaria em todas as coisas.
Quando terminei de ler todas essas cartas me lembrei que realmente Deus sempre cuidou de todas as coisas. Passamos por momentos tão difíceis na nossa vida mas nunca, nunca, nunca reclamamos, murmuramos ou nos desesperamos porque tínhamos a certeza: Deus cuida de nós.
E sempre fomos felizes mesmo quando tínhamos pouco o suficiente pra pagar o aluguel e a faculdade dos dois. Éramos felizes quando andávamos a pé. Éramos felizes quando vendemos o carro (que ainda estávamos pagando) pro Alberto poder fazer o curso de inglês dele. Éramos felizes quando tivemos que vender um baixo lindo (não sei se já falei que o Alberto também é músico nas horas vagas e toca baixo) pra conseguirmos pagar umas contas quando eu fiquei desempregada. Éramos felizes quando ele foi demitido em agosto do ano passado. E continuamos felizes agora, mesmo quando passamos por aflições e angústias.
E a nossa felicidade independe do que temos, nossa felicidade depende da certeza que temos: Deus cuida de nós.
Deus cuida tanto de nós que preparou este momento para relermos essas cartas. Não poderia haver melhor momento.
E então me lembrei de um texto de Salmos que diz:
Eu amo o Senhor, porque ele me ouviu quando lhe fiz a minha súplica.
Ele inclinou os seus ouvidos para mim; eu o invocarei toda a minha vida.
As cordas da morte me envolveram, as angústias do Sheol vieram sobre mim; aflição e tristeza me dominaram.
Então clamei pelo nome do Senhor: "Livra-me, Senhor! "
O Senhor é misericordioso e justo; o nosso Deus é compassivo.
O Senhor protege os simples; quando eu já estava sem forças, ele me salvou.
Retorne ao seu descanso, ó minha alma, porque o Senhor tem sido bom para você!
Pois tu me livraste da morte, os meus olhos, das lágrimas e os meus pés, de tropeçar,
para que eu pudesse andar diante do Senhor na terra dos viventes.
Eu cri, ainda que tenha dito: "Estou muito aflito".
Em pânico eu disse: "Ninguém merece confiança".
Como posso retribuir ao Senhor toda a sua bondade para comigo?
Salmos 116:1-12
Ele inclinou os seus ouvidos para mim; eu o invocarei toda a minha vida.
As cordas da morte me envolveram, as angústias do Sheol vieram sobre mim; aflição e tristeza me dominaram.
Então clamei pelo nome do Senhor: "Livra-me, Senhor! "
O Senhor é misericordioso e justo; o nosso Deus é compassivo.
O Senhor protege os simples; quando eu já estava sem forças, ele me salvou.
Retorne ao seu descanso, ó minha alma, porque o Senhor tem sido bom para você!
Pois tu me livraste da morte, os meus olhos, das lágrimas e os meus pés, de tropeçar,
para que eu pudesse andar diante do Senhor na terra dos viventes.
Eu cri, ainda que tenha dito: "Estou muito aflito".
Em pânico eu disse: "Ninguém merece confiança".
Como posso retribuir ao Senhor toda a sua bondade para comigo?
Salmos 116:1-12
E o mesmo texto, logo na sequência, responde quais serão os meus atos:
Erguerei o cálice da salvação e invocarei o nome do Senhor. Cumprirei para com o Senhor os meus votos, na presença de todo o seu povo
Salmos 116:13,14
E termino o dia radiante, alegre, feliz, renovada!!!!!
Continuo me sentindo velha, arcaica e do século passado - realmente sou do século passado - mas muito feliz por ter vivido estas experiências.
E termino o dia radiante, alegre, feliz, renovada!!!!!
Continuo me sentindo velha, arcaica e do século passado - realmente sou do século passado - mas muito feliz por ter vivido estas experiências.
Ahhhh recordar é revigorante mesmo. E vocês nunca tiveram dúvida de que Deus está com vocês e isso é o mais importante com toda certeza! Beijo!!
ResponderExcluirBeijo Sil!
Excluirprecisava ler isso hj..
ResponderExcluirQue bom Ju! Deus é sempre bom amiga.
ExcluirAli, fiquei muito emocionada!!
ResponderExcluirQue post mais lindo!!
Que Deus os abençoe cada dia mais!!!
Amém Mi! Beijos querida.
ExcluirIsso aí cunhada! Deus é nosso refúgio e fortaleza. Foi especial mesmo seu texto, lembrei tb de como Ele fez a diferença na minha vida e de sua irmã. Louvo ao Senhor por vc e pelo Beto. Não tente entender algumas coisas de Deus, segue o fluxo... lembre-se, que somos como o vento, que sopra pra onde quer e ninguém sabe pra onde vai.
ResponderExcluirBj e todos!
Isso aí cunhado!!!
ExcluirIsso aí cunhada! Deus é nosso refúgio e fortaleza. Foi especial mesmo seu texto, lembrei tb de como Ele fez a diferença na minha vida e de sua irmã. Louvo ao Senhor por vc e pelo Beto. Não tente entender algumas coisas de Deus, segue o fluxo... lembre-se, que somos como o vento, que sopra pra onde quer e ninguém sabe pra onde vai.
ResponderExcluirBj e todos!